O Livro de Assentamentos da Irmandade de Nossa Senhora da Penha de França, objeto de estudo da publicação, data de 1789 a 1898 e traz dados importantes sobre os 713 irmãos que participaram dessa associação ao longo de 118 anos.
O livro é mantido no Arquivo Diocesano de São Miguel Paulista, e é o mais antigo documento primário sobre a Irmandade de Pretos que ergueu a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França em 16 de junho de 1802 (data oficial).
Em 2018, por meio do edital Fomento à Cultura da Periferia da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a Comunidade do Rosário e o Movimento Cultural Penha conseguiram dispor de recursos para o desenvolvimento da publicação, que contou com um projeto gráfico especial, transcrição paleográfica total do material escrito em português arcaico realizado pela paleógrafa Judie Kristie Pimenta Abrahim e texto introdutório da professora Dra. Antonia Aparecida Quintão, especialista em irmandades de pretos e pretas do Brasil.
Cabe ressaltar o importante trabalho de tabulação dos dados do Livro de Assentamentos e o sensível texto introdutório da professora Dra. Antonia, que nos aponta diversos caminhos para uma melhor compreensão do documento.
O principal objetivo da publicação sobre o Livro de Assentamentos foi o de disponibilizar um importante material de pesquisa, ampliando as informações sobre as irmandades, em especial a da Penha, com dados sobre sua dinâmica econômica. O livro informa a respeito dos pagamentos dos membros da associação, bem como o nome e a origem social e étnica de seus membros, além do predomínio da presença feminina e da presença de quase um terço de indígenas.
Informações técnicas
Organização: Patrícia Freire de Almeida
Ano lançamento: 2019
Formato: 17 × 26 cm
Acabamento: Brochura com luva
Páginas: 416
Onde ler
A publicação teve uma tiragem limitada distribuída gratuitamente para universidades, centros de pesquisa e arquivos públicos ligados à temática negra.
Versão digital
A publicação também está disponível gratuitamente para download.
As autorAs
Antonia Aparecida Quintão é coordenadora de cursos de educação continuada e professora adjunta no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É pesquisadora no Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa (Portugal), no Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares do Negro Brasileiro na Universidade de São Paulo (USP) e no Núcleo de Estudos em Liderança e Diversidade nas Organizações da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Linha de Pesquisa: Estudo sobre Relações Raciais no ambiente organizacional. Concluiu no ISCTE-IUL a pesquisa internacional: Relações Brasil-África: Aspectos Político-Estratégicos, Econômicos e Histórico-Culturais. O resultado dessa pesquisa foi a proposta de publicação do livro: Brazil-Africa Relations: Historical Dimensions and Contemporary Engagements, from the 1960s to the Present, publicado em maio de 2019 pela Editora James Currey no Reino Unido. É autora do sexto capítulo intitulado: “Africa in Brazil: Slavery, Integration, Exclusion”. Cursou a graduação, o mestrado e o doutorado na USP, tendo realizado parte de suas pesquisas em Lisboa, por ter sido agraciada com uma bolsa de estudos do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Participa como professora convidada no curso: “Aspectos da Cultura e da História do Negro no Brasil”, promovido pelo Centro de Estudos Africanos da USP. Seus livros estão em dezenas de universidades internacionais, entre elas as Universidades de Zurique, Toronto, Amsterdã, Oxford, Harvard e Princeton.
Judie Kristie Pimenta Abrahim é mestre em Artes pela Universidade de São Paulo (USP, Bolsa Capes). É especialista em Organização de Arquivos pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. Foi pesquisadora no IEB-USP, onde auxiliou na organização do acervo do compositor Camargo Guarnieri como bolsista PIBIC-CNPq de 08/2002 a 07/2005, quando recebeu menção honrosa no 11º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP. Com bolsa concedida pela Fundación Carolina, fez curso de especialização na área de Patrimônio Artístico Ibero-Americano na Escola de Belas Artes de San Fernando em Madri, na Espanha, quando teve a oportunidade de trabalhar com a multiplicidade de documentos gerados/produzidos especificamente na área de artes e com o tema da Paleografia Musical. Foi professora no curso de “Assistente de Conservação Preventiva – Programa de Ética e História da Conservação”, oferecido pelo Senai-SP, na disciplina Introdução à Paleografia. Atualmente, é diretora técnica do Núcleo de Paleografia do Arquivo Público do Estado de São Paulo.