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Acervo sobre a trajetória de Henrique Felippe da Costa, o “Henricão”. Esse acervo foi organizado inicialmente por Wilma da Silva, nora de Henricão, e é composto por mais de 150 documentos, entre fotos, pôsteres, recortes, discos e objetos pessoais.
Henrique Felippe da Costa, o Henricão, nasceu em Itapira, no interior de São Paulo, em 1908, e faleceu na capital paulista em 1984. Foi cantor, compositor, jogador de futebol e ator. Saiu ainda adolescente de sua cidade natal para ser goleiro, jogando no Velo Clube de Rio Claro e posteriormente no Floresta, em Amparo, até receber uma proposta para jogar no Corinthians, em São Paulo.
Na capital, entrou em contato com a turma do time de futebol de várzea, no bairro da Bela Vista, e participou da fundação do Cordão Carnavalesco Vai-Vai, compondo o primeiro samba com o qual o cordão desfilou, em 1930.
Após escrever vários sambas para cordões e blocos, recebeu um convite de César Ladeira para se apresentar na rádio Record com uma jovem cantora, formando a dupla Henrique e Risoleta. Em 1937, participou com Flávio de Carvalho (1899-1973) do Clube dos Artistas Modernos (CAM) e formou dupla com Sarita, com quem gravou dois maracatus: Noiô, Noiô, de Paulo e Sebastião Lopes, e Chora, meu Goguê, de Benigno Gomes e Franz Ferrer, ambos no mesmo disco pela Odeon.
No ano seguinte, em viagem ao Rio de Janeiro, participou de um programa de rádio com Ataulfo Alves (1909-1969), que o apresentou à cantora Carmen Costa. Com ela, formou a dupla mais famosa de sua carreira, gravando dezenas de músicas, com destaque para Só Vendo que Beleza e Está Chegando a Hora, em parceria com Rubens Campos, ambas lançadas em disco em 1942, com acompanhamento da escola de samba Praça 11. Elas se tornaram sucesso do carnaval de 1943, o que fez a dupla receber convites para se apresentar em todo o país, em circos, parques de diversão e casas de espetáculos.
Em 1959, lançou o 78 rpm Henricão e suas Pastoras, com dois sambas: Vai, meu Amor, de Mário Augusto e Beduíno, e Resolve na Hora, em parceria com Raul Marques, mas que teve pouca repercussão. Depois disso, Henricão permaneceu 21 anos sem gravar como cantor, período em que se dedicou a diversos ofícios, como ator, motorista particular e vendedor de automóveis, enfrentando dificuldades financeiras. Participou de mais de 20 filmes, desde seu primeiro papel no inacabado It’s All True, de Orson Welles, a produções de Mazzaropi e pornochanchadas. Obteve destaque com a interpretação de um líder quilombola em uma versão para o cinema de Sinhá Moça, realizada pela Cia. Vera Cruz. Com o filme, ganhou diversos prêmios como melhor ator.
Já em 1973, esquecido pelo grande público, gravou o programa MPB Especial, de Fernando Faro, acompanhado do conjunto de choro Evandro e seu Regional. Em 1980, lançou seu primeiro LP como cantor, a convite de Júlio Moreno, pela gravadora Eldorado. Com o título Recomeço, Henricão retomou sua parceria com Carmen Costa, regravando os maiores sucessos de sua carreira. No ano de 1984, foi eleito rei momo da cidade de São Paulo, falecendo no mesmo ano, aos 74 anos, vítima de um AVC. Como legado, deixou uma obra que se destaca pelos sambas, muitos deles acompanhados por regionais de choro e solos de flauta, como o samba sincopado.